O Fantasma da fraude que complica as declarações pós-eleitorais da UNITA

A UNITA é conhecida por não reconhecer os resultados dos pleitos eleitorais, e nessas eleições de 2022 têm estado muito confusa em relação a aceitação ou não aceitação dos resultados, apresentando para o efeito vários discursos contraditórios proferidos por altas figuras do partido. Desde a realização das primeiras eleições em Angola, isso em 1992, o partido do galo negro nunca aceitou os resultados das eleições apresentados pelo órgão responsável pela divulgação dos mesmos (CNE), que de acordo com a história, têm sido favoráveis ao MPLA, alterando apenas a percentagem diferencial em relação à UNITA.

Como era de esperar, a UNITA, na versão de Adalberto Costa Júnior, “supera” a UNITA de Jonas Savimbi no que a declaração de fraude diz respeito. Enquanto Jonas Savimbi aguardou pela divulgação dos resultados eleitorais de 1992 e só depois disso começaram as suas alegações de fraude, com Adalberto foi verificado um procedimento muito diferente e mais confuso ainda, considerando que o actual presidente da UNITA já alegava a existência de fraude antes mesmo da divulgação da data oficial para a realização das eleições, o que de certa forma constitui um paradoxo, tendo em conta que a não credibilidade do processo eleitoral previamente destacada pela liderança da UNITA poderia ser uma razão sólida para argumentar a não participação do partido num processo eleitoral previamente declarado como viciado. Entretanto, a liderança da UNITA deixou de lado as incógnitas quanto a lisura do processo eleitoral e “entrou no jogo” com a esperança de conseguir um resultado melhor.

Com a divulgação dos resultados eleitorais recentemente apresentados pela CNE, começaram a surgir declarações contraditórias proferidas por altas figuras da UNITA. Inicialmente, a liderança da UNITA afirmou que o partido tinha constituído um centro de contagem paralela, formado para contrapor os resultados apresentados pela CNE, todavia, o referido centro apresentou resultados considerados confusos, uma vez que excediam o número de deputados permitidos na Assembleia Nacional, bem como a distribuição dos mesmos em 20 províncias, quando na verdade o país conta apenas com 18.

O activista Luaty Beirão, que é um “inimigo confesso” do Governo angolano liderado pelo Presidente João Lourenço, é o responsável pelo centro de contagem paralela da UNITA, o que deixa evidente a tendência quanto a apresentação dos dados ali produzidos.

As eleições, apesar da derrota de modo geral, não correram mal à UNITA, uma vez que o partido atingiu um grande número de deputados, comparando às eleições de 2017, facto que gerou distintas emoções dentro do partido: de acordo com os relatos de vários militantes, muitos na UNITA estão contentes com os resultados, porém, há um pequeno grupo, que fruto das alianças feitas com algumas figuras (marimbondos) vêem-se obrigados a não aceitar os dados apresentados pela CNE.

Logo após a divulgação dos dados finais pela CNE, confirmando a vitória do MPLA, a liderança da UNITA chegou a assumir que as contagens paralelas davam maior número de deputados ao partido do galo negro, e não estava em causa a vitória do MPLA, de acordo com as declarações de Mihaela Webba, concedida ao canal CNN PORTUGAL, onde a mesma sublinhou que “o MPLA não ganhou com maioria absoluta”. Lembrando que a deputada da UNITA não foi a primeira figura da UNITA a tecer tais comentários que frisavam apenas o número de deputados e não propriamente a vitória do MPLA, pois o presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, fizera o mesmo comentário durante uma entrevista rápida concedida à RTP, durante a cerimónia de homenagem ao ex-presidente José Eduardo dos Santos. Fontes na UNITA confirmam que as declarações recentes de Adalberto Costa Júnior sobre a NÃO ACEITAÇÃO DOS RESULTADOS ELEITORAIS, bem como a ALEGAÇÃO DE VITÓRIA DA UNITA, são frutos de uma estratégia interna que visa confundir os eleitores e não demonstrar conforto pelos assentos parlamentares ganhos pelo partido, uma vez que este constituía o real objectivo da UNITA para estas eleições de 2022. Fala-se também que o silêncio da UNITA mediante a apresentação dos resultados pela CNE não foi do agrado dos financiadores secretos do partido (marimbondos), que criticaram a postura do presidente da UNITA e já começaram a equacionar a sua substituição na liderança do partido, sendo o deputado Nelito Ekuikui o potencial substituto de Adalberto.

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