‘Geringonça’ angolana? “Esta é para esquecer”

Questionado pela agência Lusa sobre se sentia que tinha legitimidade para governar – dada não só a descida dos votos em regiões como Luanda, mas também com as contestações do principal partido da oposição -, João Lourenço foi peremptório, perante a reações dos presentes, que se mostraram surpreendidos pela pergunta.

“Está no direito de perguntar o que quiser. Eu posso e devo governar com toda a legitimidade que os eleitores conferiram ao MPLA e ao seu candidato. A oposição contesta, mas há instituições adequadas para se fazer essa contestação. Eles que façam. Tem prazos, vamos aguardar”, afirmou. “Temos legitimidade para governar sozinhos. Não temos necessidade de fazer nenhuma geringonça. As geringonças são feitas quando o partido vencedor não tem votos suficientes para governar sozinho. Por isso, se me está a falar de geringonça é melhor esquecer porque não haverá geringonça“, afirmou, sendo aplaudido.

Já a RTP questionou o líder angolano sobre como justificava os “piores resultados de sempre” e se seriam precisas mudanças no partido. “O MPLA não teve os piores resultados de sempre”, afirmou, falando nas eleições de 1992, quando o partido teve cerca de 53%. “Entre 51% e 53% não estou a ver grande diferença”, rematou, acrescentando: “Não tivemos os piores resultados. Os resultados foram bons porque ganhámos. Se tivemos os piores resultados, o que dirá a oposição, que perdeu?”, retorquiu.

Vitória, promessas e transparência

O presidente reeleito considerou ainda que este era o momento de “continuar a apostar” num conjunto de investimentos e de reformas necessárias para tornar Angola num pais mais próspero, desenvolvido e inovador”. “Vamos unir-nos no novo espírito de patriotismo e responsabilidade”, pediu.

“Serei o presidente da República de todos os angolanos”, prometeu, acrescentando que tinha como compromisso que o país fosse uma grande economia, democracia e uma sociedade onde todos os angolanos tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento. “Enfim, de prosperar”, reiterou.

Não só de agradecimentos  João Lourenço encheu o seu discurso, durante o qual houve tempo para deixar algumas promessas ao povo e juventude, a que será prestada uma atenção particular, segundo sublinhou. “Com o setor privado e outros parceiros apostaremos fortemente na criação de mais oportunidades de emprego, de alto emprego e de sucesso no empreendedorismo. Este é o momento de abrir as portas das oportunidades aos nossos jovens, de restaurar prosperidade e de promover a paz”, referiu.

“Todos os partidos políticos e coligações tiveram oportunidade de convidar um número igual para todos de observadores nacionais e estrangeiros”, lembrou João Lourenço, minutos depois de ter deixado as saudações a toda a oposição. “É ainda importante reconhecer que nestas eleições, a imprensa nacional e estrangeira teve a total liberdade de movimentos, acesso a a informação, total liberdade de imprensa”, considerou, sublinhando que a comunidade internacional reconhece estas eleições como “justas, livres e transparentes”. “Esta é mais uma vitória de Angola e dos angolanos, no geral”, rematou.

A CNE confirmou, esta segunda-feira, que o MPLA venceu as eleições presidenciais com 3,209.429 milhões dos votos, o que permitirá que o partido continue no poder – agora, com 124 deputados.

O 2.º partido mais votado foi a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que teve 2,756.786 votos (43,95%). O partido de Adalberto Costa Júnior ficou com 90 deputados.

Por: CK

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: