A obsessão pelo poder, a falta de coerência e o debate desesperado do Líder da UNITA

Numa perspectiva de política reactiva, o Presidente da UNITA voltou a sair da toca, em reacção à recente entrevista colectiva do Presidente da República, concedida a cinco órgãos de informação.

Na suposta comunicação de abertura do ano político, Adalberto Costa Júnior deixou mais uma vez que os seus discursos estão a ser repetidos e esvaziados de ideais construtivas, deixando de apontar soluções concretas, tal como tem sido apanágio. A narrativa de combate à corrupção selectivo, contratação simplificada, interferência do Presidente da República no sistema judicial, fraude eleitoral, está por demais desgastada e atesta o tormento de quem assiste o reerguer de um animal político chamado João Lourenço.

Na então propalada conferência de imprensa, de forma explicativa e com a serenidade que o caracteriza, o PR elucidou à nação sobre a realidade social e económica do país. Baseando-se em factos e números, o PR deixou claro que o modelo de contratação pública, que beneficiou as empresas Gemcorp, Mitrelli, Omatapalo e Leonor Carrinho, em nenhum momento belisca a transparência do processo, nem tão pouco poderá ressuscitar os monopólios que comprometiam o ambiente de negócios no país.

Aos cidadãos de Cabinda ao Cunene, o PR deixou subjacente que, estão em curso um conjunto de políticas públicas e reformas económicas que irão, a breve trecho, proporcionar mais emprego, redução substancial dos preços da cesta básica, ou seja, o povo vai sentir no prato os reflexos das reformas económicas em curso no país.

Contudo, a UNITA insiste fechar os olhos para não ver que o processo eleitoral decorre com toda normalidade, apesar de forma tímida, mas regista-se a adesão dos cidadãos para actualização do seu registo eleitoral, dentro e fora do país.

O sonho da UNITA em transformar 2022 no “Ano da Alternância do Poder para a Governação Inclusiva e Participativa” não passa de uma miragem que só ganha força nas redes sociais.

A falta de coerência da UNITA é tanta que hoje está aliada, desesperadamente, aos principais promotores, que segundo ACJ permitiram que “a pobreza e a fome instalarem-se em Angola na mesma velocidade que se institucionalizou a grande corrupção no afã do “aburguesamento” nacional, como necessidade de formação duma elite”.

A falta de coerência do partido do Galo Negro impede de admitir que o ciclo de governação de João Lourenço foi bastante desafiante e assolado pela crise pandémica da Covid-19.

Apesar disso, algumas promessas saíram do papel, destaque por exemplo do combate à corrupção e à impunidade, melhoria do ambiente de negócios, recuperação de activos da esfera privada para o Estado e a repatriamento de capitais. A estes ganhos podemos citar, ainda, maior liberdade de manifestação, de expressão e imprensa, prova disso é que o titular do Poder Executivo e seus auxiliares são insultados diariamente, sem piedade, nas redes sociais, e em determinada imprensa e nas redes sociais.

A falta de coerência não permitiu ao Presidente da UNITA admitir que o ambiente de recessão económica internacional, associado à eclosão do vírus Sars-Cov2 inviabilizou a criação em massa de milhares de postos de trabalho, tão pouco referir sobre abertura de concurso público na educação ou ainda admissão de mais de sete mil profissionais para o sector da saúde.

Definitivamente, insistir no discurso de perseguição política ou justiça selectiva faz parte de uma estratégia de desacreditar o esforço da Procuradoria Geral da República (PGR), uma vez que os resultados do combate à corrupção falam por si, e tem merecido o reconhecimento internacional de vários países e se instituições financeiras.

A realidade social de muitas famílias angolanas ainda é preocupante, mas não significa que o “nosso país está mal e vai mal!”. Existem projectos estruturantes em curso no Cunene que irá transformar a curto prazo o bem estar da população da região.
Enquanto isso, o “Kwenda” caminha de Cabinda ao Cunene para mitigar o impacto negativo da crise social e económica de algumas famílias carentes.

A UNITA dorme e acorda com o fantasma de fraude para justificar antecipadamente a sua derrota nas próximas eleições, assim como disseminar a falsa ideia aos cidadãos “que o governo não age com transparência” e que “o angolano está apreensivo com a falta de independência do poder judicial e com a sua evidente subalternização ao poder político”.

Lamentavelmente, a contradição da UNITA é visível quando, por um lado condena a interferência do PR no sistema Judicial, mas quando quer salvaguardar os seus seus apetites políticos e agenda partidária exige intervenção do Chefe de Estado!

De facto, ainda existem um conjunto de práticas que comprometem o Estado Democrático e de Direito, que desde o início do mandato tivemos a “ombridade” de reconhecer e tudo temos feito para erradicar este mal.

Apesar de ter convocado a entrevista colectiva nas vestes de Presidente da República, João Lourenço, acabou por alguns instantes ter mandado farpas à direcção da UNITA e da Frente Patriótica Unida (FPU), “o MPLA está preparado para enfrentar o adversário, quer se apresente sozinho, quer se apresente coligado”. Mas pelos vistos, o recado não chegou ou talvez chegou distorcido na “pátria” do Sovismo.

A obsessão pelo Poder e a falta de coerência de ACJ leva-lhe acreditar que o assalto à Presidência da República passa de imediato pela realização de um debate televisivo. No entanto, esqueceu-se que o debate entre os candidatos para o pleito eleitoral acontece apenas durante o período de campanha eleitoral.

Numa linguagem mais simples, o desespero manifestado para o “face to face” entre o PR J’LO e o Presidente da UNITA, não será possível pelo facto de ACJ ser líder de um partido. Para o efeito, terá de continuar a engolir saliva e esperar até ao início da campanha eleitoral, em Agosto.

Por: Pedro Veríssimo.

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