Angola e Zâmbia vão estar ligadas por via rodoviária

O embaixador de Angola na Zâmbia, Azevedo Francisco, deslocou-se, esta quinta-feira, ao Ministério zambiano das Infra-Estruturas para manifestar o desejo do Estado angolano em ver concluídas “questões inadiáveis”, como a viabilidade técnica e financeira para a construção de um acesso rodoviário, que estimule as trocas comerciais entre os dois países

Uma nota da Embaixada na Zâmbia refere que o ministro zambiano das Infra-Estruturas, Charles Milupi, informou ao diplomata angolano a intenção de visitar Angola, em companhia do ministro das Finanças, para, com as autoridades angolanas, abordarem a definição de um calendário de execução das acções já iniciadas e ainda não concluídas, particularmente o canal fluvial Changombo/Rivungu.
No decurso da reunião de trabalho, Azevedo Francisco procedeu à entrega, a Charles Milupi, do dossier completo que marca a relação entre os dois Estados, no domínio das Infra-Estruturas. A ideia comum é a de redinamizar as discussões bilaterais.

Em Julho deste ano, o envio de uma delegação técnica angolana à Zâmbia foi adiada, devido à realização de eleições gerais naquele país.

As duas partes sublinharam a importância do engajamento mútuo, visando a materialização dos entendimentos acordados. Além do desafio da conclusão do canal fluvial Changombo/Rivungu, na fronteira entre os dois países, sobre a mesa estão questões como a ligação ferroviária, a partir do ramal do Caminho de Ferro de Benguela (CFB), facto que permitirá um fácil escoamento do minério zambiano, através do Porto do Lobito.

Os dois Governos são, ainda, chamados a decidir sobre a melhor opção, no âmbito da construção da ligação por estrada, entre Angola e Zâmbia. A extensa fronteira, com mais de mil quilómetros, oferece algumas opções, como o troço Kalombo-Chavuma, Kalabo-Cikongo, Matebele- Chikombo e Mwanilunga-Jimbe.

A Zâmbia diz já ter identificado e iniciado as discussões para a celebração dos contratos com os operadores seleccionados. Comentadores da política local referidos na nota realçam o facto de, entre os oito países com os quais a Zâmbia tem fronteira, Angola ser o único sem ligação por estrada. Os mesmos analistas destacam as enormes perdas decorrentes deste facto, sobretudo para as populações fronteiriças, que se vêm forçadas a empreender longas caminhadas a pé, em busca dos serviços básicos, como saúde e alimentação.

Nos primeiros meses de vigência do novo Governo na Zâmbia, com a vitória de Hakainde Hichilema, nas eleições de 12 de Agosto, a acção diplomática angolana neste país tem sido caracterizada pelo desencadeamento do diálogo com as novas autoridades, visando relançar da implementação dos vários instrumentos de cooperação rubricados entre os dois Estados.

Há menos de 15 dias, o embaixador Azevedo Francisco teve um encontro com o ministro zambiano dos Negócios Estrangeiros, Stanley Kakubo, com quem passou em revista o estado da cooperação bilateral.

No primeiro encontro oficial entre um diplomata angolano e um alto funcionário do novo Governo zambiano manifestou-se o “vivo interesse em ver concluídas as negociações em curso”, para a obtenção de um entendimento que viabilize a construção da ligação terrestre entre Zâmbia e Angola.

“Observadores atentos lembram não fazer sentido falar em incremento da cooperação sem que as ligações aéreas, ferroviárias, fluviais e terrestres, estejam asseguradas”, refere uma nota da Embaixada angolana, divulgada na altura.

O próximo encontro do embaixador angolano será com o ministro zambiano da Agricultura, já na próxima semana.

Na Zâmbia vive a segunda maior comunidade angolana na diáspora. Dados do organismo das Nações Unidas para os Refugiados estimam que perto de 100 mil angolanos e seus descendentes vivam na Zâmbia.

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