Luta contra Pólio e Sarampo: País projecta campanha para imunizar crianças
Um milhão e 636 mil crianças, dos zero aos cinco anos, é imunizada contra o sarampo, rubéola e pólio, de 22 a 31 deste mês, nas províncias do Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Uíge e Zaire, anunciou, ontem, no Panguila, o secretário de Estado para a Saúde Pública.
Franco Mufinda disse, na abertura da Campanha Nacional de Vacinação contra a Pólio, Sarampo e Rubéola, bem como da administração de Vitamina A, que a actividade decorre em duas fases: a primeira abrange as oito províncias, com circulação actual do vírus do sarampo, e a segunda, que irá decorrer depois das Eleições Gerais, as outras nas dez províncias do país.
De acordo com os micro-planos elaborados por cada um dos municípios envolvidos na primeira fase da campanha, acrescentou, participam, de forma directa, mais de 7.300 pessoas, entre técnicos e voluntários, organizadas em 600 equipas móveis de vacinação, cuja supervisão é garantida por 216 supervisores.
Segundo o secretário de Estado para a Saúde Pública, todas as crianças dos zero aos cinco anos devem ser imunizadas, independentemente de terem já recebido doses anteriores das referidas vacinas.
“Hoje (ontem) é um dia muito especial, porque estamos a fazer a abertura da campanha nacional de vacinação de crianças menores de cinco anos, para dar resposta aos surtos de sarampo que estão a ocorrer em várias províncias do país, controlando a rubéola e consolidando a certificação de País Livre da Pólio”, disse.
De acordo com Franco Mufinda, um dos maiores desafios que o ser humano enfrenta após o nascimento é a sobrevivência, sobretudo dos zero aos cinco anos, fase em que as vacinas são fundamentais para a prevenção de doenças evitáveis.
Esclareceu que a imunização é uma das estratégias prioritárias para a redução da mortalidade infantil e que o Estado angolano tem vindo a assegurar, desde a Independência Nacional, a vacinação de rotina e em campanhas, de todas as crianças.
“A campanha visa consolidar os resultados positivos da eliminação do vírus da poliomielite, que constitui uma ameaça para outros países da região africana e asiática, já que, este ano, entre Fevereiro e Maio, foram confirmados. no Malawi e Moçambique, casos de poliomielite importados do Paquistão, com um elevado risco de reintrodução do vírus selvagem da pólio em Angola”, disse Franco Mufinda.
Quanto ao sarampo, explicou que desde 2020 que se verifica um aumento do número de crianças susceptíveis de contrair a doença, devido à menor demanda de vacinação de rotina nas unidades sanitárias, em parte por causa da pandemia da Covid-19, “pelo que é de gran-de importância assegurar que todas as crianças, dos nove meses até aos cinco anos, sejam vacinadas para se evitar a propagação de surtos epidémicos de doenças preveníveis pela vacinação.
Para o representante do UNICEF em Angola, Ivan Ye-rovi, o sarampo é uma doença nociva para a sobrevivência das crianças, enquanto a poliomielite deixa sequelas irreversíveis.
“Todos estes problemas de saúde, apesar de terem estado na rota de eliminação ou erradicação, assiste-se, neste momento, a um retrocesso na sua prevenção e hoje representam um risco real para as crianças”, alertou Ivan Yerovi, para quem é urgente o reforço da vacinação, para que as crianças não sofram com o surto destas doenças.
O vice-governador do Bengo para a Esfera Política, Económica e Social, José Bartolomeu, disse que a província prevê vacinar aproximadamente 78.215 crianças dos zero aos cinco anos. Revelou que, no primeiro semestre deste ano, o município do Dande registou oito casos de sarampo.
A campanha, financiada pelo Executivo angolano, conta com o apoio técnico e, também, financeiro de parceiros internacionais, nomeadamente a OMS, UNICEF, GAVI, da Nutrition Internacional e da USAID.
Por: JA