O estranho conceito de Carlos Rosado de Recessão Económica
Do ponto de vista económico, diz-se que um país está em recessão quando o mesmo está perante um declínio geral da actividade económica, com fortes reflexos negativos nos níveis de consumo, de investimento, dos gastos do governo, nas exportações e, sobretudo, nos níveis de desemprego.
O Reino Unido, por exemplo, define recessão económica como um crescimento económico negativo por dois ou mais trimestres consecutivos.
O elemento fundamental que caracteriza uma recessão económica é a observação de um ambiente em que prevalecem taxas negativas de crescimento económico por um período de tempo considerável.
O economista Carlos Rosado ao reagir, através do Valor Económico, à noticia de que Angola observou um crescimento positivo do seu Produto Interno Bruto no III trimestre de 2021 e que está provavelmente a sair da recessão económica em que está mergulhada há já 5 anos, apresentou um conceito de recessão económica completamente estranho àqueles que estão familiarizados com a teoria económica moderna.
Ele diz que um país pode estar em recessão económica se o crescimento do PIB for inferior ao crescimento da população. Noutras palavras, não basta o crescimento económico positivo para um país sair da recessão. Este crescimento tem de ser superior ao crescimento da população, segundo este economista.
Para o caso de Angola em que, de acordo com o FMI e Banco Mundial, se prevê para 2021 um crescimento positivo entre 0,1% a 0,4%, o país continuaria em recessão porque o crescimento da população em Angola é, em média, de 3%.
Este é um argumento muito estranho e completamente fora da definição universal de recessão económica.
Angola está a sair da situação de profunda crise económica em que se encontrava e aqueles que defendiam que esta crise se iria manter por muito mais tempo começam a ficar sem argumentos sólidos para manter os seus pontos de vista.
Até já inventam conceitos científicos novos e completamente fora do que nos ensina a teoria económica moderna. É muito triste que a desonestidade intelectual chegue até este ponto!
Por: Valentim Inácio Moisés
*Economista e mestrando em Economia e Finanças Internacionais