A dupla herança e o duplo desafio de Adalberto Costa Júnior

Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA e candidato à Presidência de Angola nas eleições de 24 de agosto, apresenta-se como um político jovem, hábil e de verbo fácil. Nascido em 8 de maio de 1962 em Quinjenje, que na altura pertencia a Benguela e atualmente integra a província de Huambo, a dupla herança de Adalberto Costa Júnior (ACJ) advém de ser um mestiço que não participou na luta armada em Angola.

ACJ compensa o não ter lutado de armas na mão na guerra civil angolana com um trajeto cosmopolita e apetecível a jovens urbanos, um setor em expansão em Angola, mercê da sua prolongada passagem pelas representações da UNITA no Porto, Portugal (responsável pela JURA, estrutura juvenil), Portugal (1991-1996) e Itália e Vaticano (1996-2002).

A sua juventude e carisma foram durante algum tempo arma de arremesso no seio da própria UNITA. Tratava-se de um “defeito” que lhe era apontado por dirigentes históricos da UNITA, partido que levou tempo a libertar-se do peso institucional do seu fundador e líder histórico, Jonas Savimbi, cuja morte em fevereiro de 2002 abriu as portas à reconciliação e ao início da normalização no país.

Olhado como um dos políticos mais populares de Angola, ACJ é um líder carismático que domina as redes sociais, indo assim ao encontro da população jovem angolana que não viveu nem a guerra pela independência nem a guerra civil e cujos modelos de sociedade busca na Internet.

Regressado a Angola em 2003, passa a exercer o cargo de secretário Provincial da UNITA em Luanda, e até 2009 torna-se o porta-voz do partido.

Entre 2009 e 2011 foi secretário Nacional para os Assuntos Patrimoniais da UNITA e entre 2012 e 2015 foi eleito primeiro vice-presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, passando a ser presidente dos deputados da UNITA entre 2015 e 2019.

É nesta altura que a sua notoriedade salta as fileiras da UNITA através das análises e intervenções no parlamento, na televisão e na rádio.

Formado em Engenharia Eletrotécnica, Adalberto Costa Júnior não poupava nas críticas ao MPLA e as suas intervenções eram replicadas nas redes sociais Youtube, Facebook ou WhatsApp.

O Tribunal Constitucional inviabilizou a sua primeira eleição para a liderança da UNITA, em 2019, anulando o congresso que o elegera, obrigando o maior partido da oposição a repetir o processo.

Resolveu o óbice de ter dupla nacionalidade: portuguesa e angolana, com a renúncia à primeira e, na repetição do congresso que o levou à presidência do partido, ACJ obteve 96,43% dos votos dos congressistas.

Casado, com quatro filhos, numa entrevista em outubro de 2015 ao programa Fala Só, da Voz da América, ACJ confessa o sonho de ser autarca em Benguela.

O destino coloca-o agora na disputa da Presidência de Angola em que é um sério rival do atual chefe de Estado, João Lourenço.

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