Rebeldes infiltram familiares nas zonas de reassentamento

Alguns rebeldes do Norte de Moçambique estão a enviar familiares para zonas de reassentamento, como se fossem deslocados do conflito armado, para obterem alimentação e informações úteis para partilhar com o movimento insurgente, anunciou, ontem, a Polícia, citada pela Lusa.

“Os terroristas, lá nas matas, que são chefes e com possibilidade de movimentar pessoas, estão a tirar familiares para se fazerem passar por deslocados enquanto fogem da fome”, descreveu o comandante provincial de Cabo Delgado da Polícia, Vicente Chicote.

“Quando chegam nos locais de reassentamento, mandam informações: aqui tem comida, podem atacar, não há Polícia e nem soldado”, exemplificou.

Vicente Chicote revelou a informação sobre os bastidores da insurgência para deixar um alerta à população: “temos de ser vigilantes”, rematou. “Aquele que notar um ambiente estranho deve alertar as estruturas” locais, continuou.

O comandante da Polícia recordou que alguns terroristas “são filhos” das terras que atacam e que por vezes os familiares os escondem. Mas considera necessária a denúncia: “muitas vezes temos receio de denunciar o nosso filho, porque irá preso”, mas mais vale visitá-lo na cadeia “do que ser apanhado” por “pessoas que o podem matar”, referiu.

Para reforçar o patrulhamento nas comunidades de Chiúre, a PRM apresentou à comunidade duas novas viaturas todo-o-terreno de caixa aberta adaptadas para transporte de agentes. Só naquele distrito estão reassentados mais de 10 mil deslocados dos ataques armados, na maioria oriundos de Mueda, Muidumbe e Mocímboa da Praia.

Entretanto, membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), vão receber durante este mês formação em prevenção do recrutamento e utilização de crianças soldados, anunciaram o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Ministério da Defesa, citados pela Lusa. O comunicado avança que a formação será ministrada pelo Instituto Dallaire, uma Organização Não-Governamental (ONG) canadiana, no Batalhão de Chimoio, centro do país.

“A formação é vital para uma força bem preparada e profissional que contribui para acabar com o recrutamento e utilização de crianças pelas Forças Armadas e grupos armados e prevenir o recrutamento futuro”, refere o comunicado.

A acção segue-se a uma série de formações ministradas para 100 homens e mulheres formadores das Forças Armadas de Moçambique (FADM), em Dezembro, sobre a prevenção do recrutamento e utilização de crianças em conflitos armados, como é o caso de Cabo Delgado, província nortenha.

A iniciativa visa mobilizar os formandos para colocarem activamente os direitos das crianças no centro da sua actuação, lê-se na nota. A aplicação destas competências também desempenha um papel importante no fim dos ciclos de violência que podem conduzir a conflitos recorrentes.

Todos os anos, dezenas de milhares de crianças, tanto raparigas como rapazes, são utilizadas por forças armadas e grupos armados numa variedade de papéis, tais como combatentes, cozinheiros, carregadores, mensageiros e espiões. Muitas, especialmente raparigas, são também sujeitas a abuso e exploração sexual. 

 Exploração de gás no Rovuma arranca em Outubro


Apesar do conflito armado no Norte de Moçambique, a produção de gás natural liquefeito na bacia do Rovuma arranca dentro de sete meses, através da plataforma flutuante Coral Sul, estacionada ao largo de Cabo Delgado, anunciou o Governo do país.

“Em Outubro deste ano vamos começar a ter os primeiros resultados em termos de produção”, referiu Filimão Suaze, porta-voz do Conselho de Ministros citado, ontem, pela Lusa.

A mesma fonte destacou ainda o facto de estar prevista a formação de moçambicanos a bordo da infra-estrutura, uma das maiores do mundo na sua classe. “Há um profundo “know-how” que vai ficando com os moçambicanos e ao longo dos 25 anos previstos” de vida útil da plataforma (numa primeira fase) prevê-se que o número de moçambicanos, que agora é de 27, “vá aumentando”. A plataforma de extracção e liquefação de gás Coral Sul é a primeira em águas profundas e o primeiro projecto do género desenvolvido em África.

Por: JA

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