Trinta e dois países dão início hoje à corrida pelo título
A 25ª edição do Campeonato do Mundo de andebol sénior feminino disputa-se a partir de hoje, até 19 do mês corrente, em Espanha, com a participação inédita de 32 selecções, divididas em oito grupos de quatro equipas, numa organização da Federação Internacional da modalidade (IHF).
Quatro cidades, Granollores, Llíria, Torrevieja e Castellón sediam a prova e acolhem cada uma dois grupos. Pavilhão da Ciudad de Castellón, Palácio dos Desportos de Granollores, Pavilhão Pla Dl’Arca e Torrevieja Sports Palace são as infra-estruturas onde serão disputados os jogos.
No total, 108 partidas serão disputadas em 19 dias de competição. Na primeira fase da prova jogam todos contra todos a uma volta. As três primeiras de cada grupo qualificam-se para a etapa seguinte, com os pontos conquistados da primeira fase, e jogam um torneio, onde serão encontradas as quatro semi-finalistas.
As outras selecções, igualmente com os pontos acumulados, disputam a Taça presidente para as posições seguintes da tabela classificativa. Angola (campeã africana), França (campeã olímpica), Montenegro e Eslovénia integram o Grupo A.
Rússia, Sérvia, Camarões e Polónia completam o B. Noruega, Roménia, Cazaquistão e Irão (estreante) formam o C. Holanda (campeã do mundo), Suécia, Porto Rico e Uzbequistão estão inseridos no D.
Alemanha, Hungria, República Checa e Eslováquia formam o E. Dinamarca, Coreia do Sul, Tunísia e Congo constam no F. Croácia Japão, Brasil e Paraguai completam o G. Espanha, Áustria, Argentina e China integram o H.
Hoje, em dia de abertura, a Espanha defronta a Argentina, às 19h30, em desafio referente à primeira jornada do Grupo H, no Palácio dos Desportos de Torrevieja. Amanhã, a prova reserva os seguintes encontros: Croácia – Brasil, Alemanha -República Checa, Coreia do Sul – Congo, Áustria – China, Hungria – Eslováquia, Dinamarca – Tunísia e Japão – Paraguai.
Angola estreia amanhã diante da França. No dia 5, as Pérolas medem forças com Montenegro e encerram a fase de grupos diante da Eslovénia. Desde a edição pioneira do Campeonato do Mundo, em 1957 na Jugoslávia, é a primeira vez que a Espanha acolhe a prova.
HISTÓRICO DE PARTICIPAÇÕES
Odisseia de Angola soma três décadas
A odisseia de Angola em campeonatos do Mundo de andebol sénior feminino teve início em 1990, na Coreia do Sul, o estatuto das Pérolas de África cresceu, embora naquela edição terminaram no último posto da tabela classificativa, num total de 16 selecções participantes.
Três anos depois, na Noruega, 1993, com igual número de países, a Selecção Nacional obteve a mesma classificação. Na prova conjunta entre a Áustria e a Hungria, em 1995, o combinado angolano na 16ª posição deixou definitivamente o último posto da classificação geral, com 20 nações a discutirem o título mundial.
Dois anos depois, na Alemanha, as campeãs africanas melhoraram um lugar. Noutra realização conjunta entre a Noruega e Dinamarca, em 1999, o “sete” nacional bisou o 15º posto.
Na Itália, 2001, pela primeira vez, sob orientação de um treinador estrangeiro (búlgaro Pavel Dhznev), a vitória sobre a Roménia (28-27) e as derrotas tangenciais ante a Hungria (23-24) e a Espanha (28-29) mostraram ao Mundo um novo competidor e Angola ocupou a 13ª posição.
Em 2003, na Croácia, a Selecção baixou quatro lugares (17º), e em 2005, na Rússia, subiu um (16º). Contra todas as expectativas, em 2007, na França, Angola melhorou nove lugares e terminou no (7º), a melhor prestação de todos os tempos.
Dois anos depois, na China, o português Paulo Pereira conduziu as campeãs africanas ao 11º posto, numa prova onde as vitórias sobre a Ucrânia (28-20) e a Dinamarca (28-23) foram o destaque. No Brasil, em 2011, às ordens do angolano Vivaldo Eduardo o “sete” nacional ocupou o (8º) lugar, e sob a batuta do mesmo treinador, na Sérvia, em 2013 (14º).
Na Dinamarca, 2015, em mais uma campanha mundialista, sob a liderança de um treinador estrangeiro (o também português João Florêncio), a prestação da equipa nacional esteve aquém do esperado, com derrotas ante a Suécia (23-37), Holanda (24-37) e Polónia (27-29).
Sob orientação de Morten Soubak, em 2017, na Alemanha, as campeãs africanas entraram para a quadra lideradas por um treinador de topo, pela primeira vez, por um técnico campeão do Mundo à frente de uma Selecção não europeia (Brasil, em 2013, na Sérvia).
O facto por si só aumentou as expectativas de ver Angola a desafiar, uma vez mais, o poderio dos países do velho continente no andebol mundial. No Japão, às Pérolas de África voltaram a ser comandadas pelo técnico Morten Soubak e terminaram na 15ª posição da tabela. Em Espanha, o “sete” nacional é comandado pelo angolano Filipe Cruz, com a meta de ocupar um lugar entre as 12 das 32 melhores do mundo.
SÉTIMO LUGAR EM FRANÇA
Registo épico das Pérolas tem catorze anos de história
Catorze anos depois, o sétimo lugar continua a ser o registo épico da Selecção Nacional sénior feminina de andebol, feito alcançado em 2007, no Campeonato do Mundo disputado em França. Às ordens do treinador Jerónimo Neto (em memória), coadjuvado por Albertino de Oliveira, as campeãs africanas surpreenderam o mundo ao derrotarem em casa as gaulesas. Contra todas as expectativas e muita ousadia à mistura, o “sete” nacional integrou o selecto grupo das dez melhores selecções, onde anteriormente só figuravam as equipas do velho continente.
Inseridas no Grupo C, sediado na cidade de Lyon, a caminhada das Pérolas começou com derrota frente à Noruega (26-32), depois surgiram os triunfos (33-22) Áustria e (41-20) com a República Dominicana. Na etapa seguinte, Angola perdeu diante da Rússia (27-40) e (41-33) com a Coreia do Sul. No jogo seguinte, a Selecção foi ousada e silenciou os adeptos gauleses ao vencer (29-27) a França. Na mesma senda surgiram ainda os triunfos, (34-28) Croácia e (33-25) Macedónia.
Nos quartos-de-final, o “sete” nacional perdeu (33-36) ante a Alemanha. Na decisão do sétimo posto da tabela classificativa, o combinado angolano derrotou (37-36) a Hungria. Em dez partidas, Angola somou sete vitórias e três derrotas, marcou 326 golos, dos 592 tentados, 55 por cento de eficácia. Em 285 remates tentados na linha dos nove metros, 126 foram marcados, 44 por cento de aproveitamento. Nos sete metros, em 31 livres, as jogadoras marcaram 25, 81 por cento de eficiência.
Actualmente das 16 atletas convocadas para àquela empreitada, nenhuma integra a Selecção. Odeth Tavares, Maria Eduardo, Ilda Bengue, Filomena Trindade, Bombo Calandula, Carolina Morais, Nair Almeida, Rosa Amaral, Isabel Fernandes, Marcelina Kiala, Maria Pedro, Elizabeth Cailo, Cristina Branca, Cilizia Tavares, Luísa Kiala e Natália Bernardo são as antigas internacionais que participaram do feito histórico. Marcelina Kiala foi a terceira melhor marcadora, com 72 golos, atrás da alemã Grit Jurack (85) e da húngara Anita Gorbicz (80).