POLÍTICA

ONU avalia acção global de combate ao tráfico de seres humanos

Uma reunião de alto nível da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, dedicada à avaliação do Plano de Acção de Combate ao Tráfico de Seres Humanos iniciou esta segunda-feira (22) em Nova Iorque.

Durante o encontro foram avaliados os progressos alcançados na implementação do Plano de Acção Global para Combater o Tráfico de Pessoas (resolução 64/293) e ocorre numa base quadrienal, além de oferecer a oportunidade de reconhecer as conquistas e reflectir sobre as lacunas, desafios existentes, tanto no cumprimento quanto no escopo e no caminho a seguir para travar esse fenómeno.

Ao intervir na sessão de abertura, a secretária-geral-adjunta da ONU, Amina Mohamed, afirmou que as crises globais, incluindo a contínua pandemia Covid-19, atrasaram o progresso da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, além de metas importantes na prevenção e combate a todas as formas de tráfico de pessoas.

“O que aumenta o sofrimento das vítimas”, enfatizou, considerando que o tráfico de pessoas é um crime que muitas vezes está escondido à vista de todos e faz recuar ainda mais nas sombras da economia global e nos cantos escuros da Internet.

“As tecnologias de informação e comunicação, que também se tornaram cada vez mais importantes na pandemia, estão a ser mal utilizadas pelos traficantes para facilitar o recrutamento, o controlo e a exploração das vítimas”, frisou.

Disse que mulheres e meninas são desproporcionalmente visadas por traficantes e forçadas ao casamento, incluindo infantil, bem como servidão doméstica e trabalho forçado, referindo-se ao mais recente Relatório Global do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime sobre Tráfico de Pessoas, segundo o qual cerca de um terço das vítimas detectadas são crianças, uma parcela que triplicou nos últimos 15 anos.

Fazendo ainda referência a este Relatório Global, Amina Mohamed disse que refugiados e migrantes são especialmente vulneráveis aos traficantes e podem ser abusados e explorados para trabalhos forçados, exploração sexual, servidão doméstica e até mesmo remoção de órgãos.

Por seu turno, a directora excutiva do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Siobhán Mullaly, reconheceu ter havido progressos significativos desde a implementação do Plano de Acção Global em 2010, porém a força actual do tráfico sexual está a aumentar de maneira nova e complexa: “Estamos a falhar com mulheres e meninas vulneráveis”.

Para Siobhán Mullaly, os empreendimentos criminosos que traficam mulheres e meninas floresceram com o aumento da onda de sexo comercial que criou uma demanda crescente e normalizada e um mercado lucrativo para os traficantes.

Mullaly revelou que mais de 50% das vítimas são traficadas para fins sexuais, 77% de mulheres e 72% de meninas traficadas para fins de exploração sexual. Fez saber ainda      que o tráfico sexual continua a ser o mais lucrativo para os traficantes, que obtêm enormes lucros numa onda de sexo comercial de 99 biliões de dólares.

A reunião de alto nível da Assembleia Geral prossegue terça-feira (23), com mais    intervenções dos Estados membros e dois painéis de debate, sendo o primeiro em torno do “plano de acção global e as questões e lacunas duradouras do tráfico”, incluindo, entre outros, o tráfico de mulheres e crianças, especialmente meninas, para fins de  exploração sexual e, o segundo, sobre o “plano global de acção e questões emergentes”,  como  o  “tráfico  de  pessoas  no  contexto  da  Covid-19 e o uso indevido de tecnologias de informação e comunicação para facilitar o tráfico, incluindo o tráfico de crianças para fins de exploração sexual na internet”.

A representante permanente de Angola junto da ONU, Maria de Jesus Ferreira, irá à Sessão de terça-feira.

Por: Jornal de Angola

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